Fardo

Quantos de nós já sentimos o nervoso miudinho a apoderar-se de nós ao domingo à tarde, porque nos lembramos que a segunda-feira está por horas? Quantos de nós ocultamos que para aguentar o frenesim do dia a dia tomamos medicamentos, outros fumam seja o que for desalmadamente, outros bebem às escondidas e outros distribuem a sua ira e mau feitio, por todos aqueles que os rodeiam. Até quando os assassinatos que povoam todos os dias os nossos jornais rádios e televisões não atraem a atenção de um país cada vez mais doente. Existem ainda uns quantos que por razões diversas ainda conseguem olhar para a a frente e vislumbrar que a sua vida não é isto. A minha vida não pode ser isto. Tenho dúvidas muitas dúvidas, sou um homem de fé e com cada vez menos certezas, mas se alguma certeza tenho é que não quero esta vida para mim. Não se trata de um grito de revolta, trata-se sim da constatação que me é impossível continuar a viver assim. Estou exausto tal e qual muitos dos amigos e colegas que conheço. Uma conversa de que somos fortes vamos conseguir fazer melhor sem os meios, sem os instrumentos, contrasta com a vulgar conversa de corredor em que toda a gente se lamenta, onde as depressões aumentam a um ritmo frenético, onde a exaustão impera e o silêncio impulsionado pelo medo, faz com que a resignação impere. Estou cansado, melhor estou exausto. Por vezes questiono-me sobre o que é que se fez para se merecer tamanha injustiça. Temos o direito de pelo menos procurar a felicidade e a minha esperança de a encontrar está-se a desvanecer.

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