Amigos do alheio

Estava a ver que o dia de hoje não chegava ao fim. Confesso que foi um daqueles dias em que mais valia ter ficado em casa. Começou pela manhã no trabalho e prosseguiu no decorrer do dia. Durante o almoço com um amigo recebo um agradável telefonema a informar-me que a minha casa tinha sido assaltada. Comecei por brincar com a pessoa que me telefonou argumentando era algo a que já me tinha habituado, desde o primeiro ministro, passando pela ministra das finanças, tenho-me sentido roubado todos os dias nestes últimos anos. O pior é que isto gera maus hábitos nos portugueses. Sem ter certezas nenhuma presumo que um ilustre português tenha olhado para a minha casa e tenha pensado(ainda por cima bem)que se este palerma não faz queixa de quem o rouba à grande e à portuguesa, porque razão iria eu apresentar queixa de um ladrãozeco? Não que o senhor ladrão não tenha razão, mas não consigo tolerar que entrem na minha casa e fique com uma estranha sensação que voltaram a minha privacidade. Caro senhor ladrão, bem sei que muito provavelmente este texto nunca lhe chegará às suas mãos, mas como pode comprovar enganou-sena casa. Depois de roubado todos os meses por um coelho que mais parece um rato, pouco lhe restou para roubar. Assim aceite a minha sugestão e mude-se para Lisboa que terá com toda a certeza em S.Bento muito mais do que roubar do que na minha humilde casinha.