A Miséria que não queremos ver



Ontem, a R. antiga colega de trabalho telefonou-me para tomar um café comigo. A R. vive momentos de angústia provocada por um despedimento no grupo de media que trabalhava associado a um divórcio que a deixou nas mão com dois filhos um dos quais deficiente profundo que necessita de acompanhamento permanente. A R. Não queria tomar um café comigo. A R. ontem quase que me implorou para lhe conseguir encontrar um emprego fosse ele qual fosse. A situação de miséria em que vive, levou-a a descer a um nível que nunca tinha imaginado poder acontecer-lhe. A tristeza que imanava dos seus olhos não deixa ninguém indiferente. As dificuldades com que se debate todos os dias, ora deixando de pagar a renda este mês para dar alimento aos filhos, no mês seguinte pedindo fiado na mercearia, fez com que a sua situação se torna-se insustentável. A tal pobreza envergonhada está aí. Aquela que eu tinha por várias vezes ouvido falar estava á minha frente. Pedindo, mendigando um emprego "nem que fosse para empregada doméstica eu faço qualquer coisa.


Casos como estes são muitos. Claro que muita gente se aproveita da situação,mas estou em crer que são cada vez em menor numero. O desespero um destes dias, vai acabar tomar conta desta gente.


Ao ler aqui o artigo de opinião do Pedro Tadeu no "Diário de Notícias", fiquei mais convicto que este País não merece o povo que tem.

Hoje dedico a este senhor este pequeno texto....



O ex presidente da CIP, Ferraz da Costa e actual presidente do forum para a competitividade que se devia de acabar com o subsídio de desemprego e regular as greves de forma a conter o aumento dos salários em Portugal. Aproveitando a embalagem deu como exemplo a Alemanha onde segundo ele existe um apoio e não um subsídio.


Curioso este depoimento do senhor que entende que o crescimento de Portugal ainda está agarrado a esquemas e tácticas que funcionaram noutros tempos. Não sou nenhum letrado nisto, mas parece-me que alegar, que o crescimento e a sustentabilidade das empresas ou de um país se faz pela redução das prestações sociais ou pela penalização dos salários é o alcance da visão de um tipo que mede 1,60cm. Os países mais evoluídos da Europa e particularmente os nórdicos, não são conhecidos por cortar regalias de quem trabalha, antes pelo contrário. poderíamos enumerar os direitos de quem nesses países decide ter filhos, ou o sistema de saúde, ou então o apoio que dedicam aos mais idosos. Mas o crescimento baseado na inovação, na capacidade de investimento que os governos fazem no ensino desses países, a justa distribuição de riqueza que existe entre empresários e empregadores em que em Portugal é tão bem personificado na "Auto Europa". Já agora, era bom que estes senhores de visão curta quando abrissem a boca para comparar aquilo que não é comparável (Portugal/Alemanha) tivesse em atenção não só as obrigações do povo alemão, mas sim também as outras componentes que fazem toda a diferença. Querer alterar parcialmente as leis quando, só como exemplo a média salarial de um alemão é 6 vezes maior do que a portuguesa é no minímo pensar que os portugueses são ignorantes.

O Seguro morreu de velho



O Dr. António José Seguro afirmou hoje aqui que acha inaceitável que um pensionista com uma reforma de 1.000 euros fique sem duas prestações e que um trabalhador, do privado, não dê qualquer contributo para o esforço nacional. Acordou tarde para a vida este senhor. Durante o reinado do engº Sócrates manteve-se cego surdo e mudo não ousando levantar a voz contra as atrocidades que o secretário geral do seu partido fez ao povo português ajudando o país a afundar-se. Hoje pagamos uma factura muito alta pelo empurrar com a barriga para a frente elogo se vê quem paga. Vem isto a propósito de que não me parece de forma alguma justo que os funcionários e pensionistas paguem a conta do banquete para o qual não foram convidados. Não acho justo também que se façam afirmações destas, como a que o senhor seguro fez. Como todos sabemos necessitamos da máquina do estado para que o nosso dia a dia funcione regularmente. São os hospitais, os bombeiros, a polícia, etc.... Tirando o facto de que estas entidades não geram riqueza para o país. Neste caso são os privados atravês das muitas empresas e com as exportações que podem acrescentar riqueza para a Nação. É precisamente atravês dos impostos que são descontados todos os meses no meu salário e de milhões de privados que são pagos os deputados, os ministros, as subvenções vitalícias dos que ao longo de 12 anos estiveram na coisa pública. Não aceito pois que digam que os privados não são chamados a contribuir para o esforço comum. A propósito disto, hoje num artigo de opinião no "JN", que o senhor seguro não deverá com toda a certeza ler, não me lembro de ouvido qualquer indignação contra o facto de a TAP ter contra tudo o que era admissível aumentado os chefes em 50% do seu salário ( e como são muitos os chefes da TAP) numa altura em que perdeu até ao momento 137 milhões de euros e solicita agora uma recapitalização de 400 milhões de euros, que nós todos incluindo os privados vão ter que pagar.