Espaço T

Carta Aberta de Jorge Oliveira – Presidente e fundador do Espaço t
Olá,
O meu nome é Jorge Oliveira, tenho 46 anos e fundei o Espaço t quando tinha 27 anos.
Era um jovem que acreditava nos sonhos, em mudar o mundo e nessa minha luta e sempre com a ajuda de uma grande
equipa, conseguimos transformar utopias em realidade.
Contribuímos para ver sorrisos em pessoas que já os haviam perdido e essas mesmas encontrarem novas vidas quando já
quase nada tinham.
Hoje decidi escrever-lhe, pois passei a noite a pensar e senti que é você que me pode ajudar.
Este sonho de quase 20 anos tem sido uma luta diária mas que vale e valerá sempre a pena, quando vejo o nosso porteiro
João Pedro, um rapaz com trissomia 21, feliz por trabalhar e se sentir o melhor porteiro do mundo, quando a Manuela diz
que no Espaço t encontrou a sua casa e deixou de tentar diariamente o suicídio o que a levava diariamente ao Hospital de
S. António, porque afinal o que ela queria era afecto e lá não lhe davam e quando vejo a Alexandra a razão deste sonho ainda
faz mais sentido, sempre na sua cadeira de rodas a sorrir e agora a lutar pelo seu 12º ano e porque por exemplo a equipa que
comigo   trabalha   apesar   de   terem   parte   dos   seus   ordenados   em   atraso   dizem-me “Jorge   não   desistas,   vai   em   frente   e
vejo-lhes um sorriso no olhar”.
Claro   que   tudo   isto   me   tira   o   sono,   mas   também   me   dá   força   para   continuar   a   acreditar   num   mundo   melhor   onde   os
Homens valem mais do que o dinheiro, a troika, as políticas e tudo o resto.
Este ano fazemos 18 anos de existência e o slogan que decidimos criar para 2012 foi: “Nós existimos porque a felicidade
existe”, mas a verdade é que tem sido um ano duro, pois somos uma associação onde o único lobby é a força de acreditar no
mundo onde os Homens têm nome e valem por si. No fundo o mundo que todos sonhamos.
Há 6 anos o Espaço t teve talvez um dos maiores sonhos realizados: construir a sua sede através de fundos comunitários, um
edifício na cidade do Porto, onde hoje centenas de pessoas realizam nele os seus sonhos.
Foi um projecto quase utópico porque apesar de nanciado a 90% tivemos que suportar 10% do valor, pagar juros e outras
tantas coisas. Mas mais uma vez conseguimos transformar sonhos em realidade.
Ao   longo   destes   anos   ganhamos   muitos   prémios   em   áreas   distintas   tendo   mesmo   a   Fundação   Gulbenkian   nomeado   o
Espaço t para representar Portugal no prémio internacional Raymond Georis Price: The Mercator Found.
Em 2001 o Espaço t criou o seu departamento de formação dirigido a pessoas excluídas e com graves problemas socias, a
funcionar numa escola primária cedida pela Câmara Municipal do Porto. No entanto e apesar do excelente trabalho que
fazemos neste departamento onde já formamos várias centenas de alunos, o Estado penalizou-nos em 70 mil euros por  não
termos   chegado   com   todos   os   alunos   ao   m   em   alguns   cursos,   a   verdade   é   que   os   que   chegaram   hoje   são   homens   e
mulheres diferentes. Mas na política dos números, mais do que as pessoas, interessam os rácios e as metas. Por isso 70 mil
euros que foram gastos com os formadores, formandos e tudo o que uma escola necessita são agora uma dívida para nós.
Mas estas são as regras do jogo, são as leis dos números. Por isso neste momento o Espaço t tem uma divida de 150 mil
euros; 70 mil das penalizações e 80 mil ainda fruto da aquisição da nova sede e as obras na lial da Trofa.
Sempre cumprimos e vamos continuar a cumprir e a trabalhar para a excelência.
Por isso hoje decidi escrever-lhe a si e pedir-lhe 1€ para que esta associação possa continuar a sonhar e ajudar a criar mais
sorrisos, como por exemplo o do Álvaro um homem com 50 anos que frequenta o Espaço t há uma década e que este ano
está contentíssimo porque iremos leva-lo com outros alunos a Paris tendo ele condenciado que já conseguiu juntar o
dinheiro para a sua viagem. Diz ele que nunca andou de avião, vai ser bom vê-lo sorrir a sentir Paris.
Peço-lhe por isso que deposite 1€ na conta do Espaço t domiciliada na Caixa Geral de Depósitos com o NIB 0035 0196
0002 0872 9304 4  e aquilo que eu lhe prometo dar  é que vai poder exigir-me a vida toda a responsabilidade de lutar por
esse mundo melhor.
É um compromisso entre si e eu. Se eu falhar exija-me, mas também por outro lado quando vir uma actividade do Espaço t,
pense que também está lá, não pelo euro mas porque esse euro fez com que pudéssemos continuar a fazer com que o
mundo dos Homens pudessem também ter dias de felicidade, como agora nos meses de Maio e Junho onde iremos realizar
o   XIV   Corpo   Evento   –   Ciclo   de   Espectáculos   em Teatro   e   Dança,   onde   mais   de   100   homens   e   mulheres   de   hospitais
psiquiátricos e cadeias e 70 dos quais do Espaço t vão contar histórias a uma só voz para fazer do Rivoli uma grande sala de
espetáculos onde todos os Homens são iguais.
Agora que nos conhece um pouco melhor peço que se junte a nós, não deixe de o fazer. O dinheiro de um café seu vai fazer
toda a diferença. Por isso quando for ao multibanco leve este NIB e dê-nos 1€. No dia a seguir, no nosso site http://www.espacot.pt/
poderá ver lá o seu euro contabilizado com todos os outros euros dados. Com esta rede solidária acredito que iremos atingir
os nossos objectivos.
Despeço-me dizendo: quando me vir não se esqueça de me dizer “não te esqueças eu dei-te 1€ para lutares por um mundo
melhor”, exija-me, eu não vou falhar pois a minha história tem sido essa juntamente com aqueles que estão comigo há
quase 18 anos.
Porto, Espaço t, Abril 2012
Um abraço
Jorge Oliveira

País mais justo

Apesar da maioria dos políticos que estão no governo acenarem com uma esperança em melhores dias que só eles vêm, a realidade na oculta, revela-nos que o País vai de mal a pior. Segundo os últimos dados necessitávamos só para pagar os juros que a Troika nos vai cobrar de crescer entre 4 a 5% ao ano. As projeções para Portugal para 2012 revelam que portugal deverá ter um crescimento negativo de 3,3%. Torna-se por isso evidente que não conseguiremos pagar aquilo que estamos a pedir emprestado e vamos andar de mão estendida durante muitas gerações a pagar os pecados de quem nos governou/a. Perante isto, resta a alguns portugueses, que não têm hipótese de ter dinheiro suficiente para o colocar numa off shore ou não pertencerem a um partido político das esferas dos últimos governos (estes encontram sempre uma empresa ligada direta ou indiretamente ligada ao estado para se acomodarem) a emigração ou em alternativa ficarem em Portugal ainda mais amordaçados, vilipendiados e ter de assistir a este espetáculo,perdendo dignidade a cada dia que passa. Um dia, talvez, um dia este povo amordaçado, pode ser que desperte e se revolte contra este estado de coisas.
Vem isto a proósito de duas notícias hoje publicadas em jornais diferentes. A primeira ilustra grande parte do desassossego em que maior parte das famílias sobrevive com os filhos a ficarem em casa até quase á idade da reforma. A precariedade no emprego, os baixos salários levam a que a única certeza que um jovem hoje tem é uma grande incerteza quanto ao seu futuro. Enquanto os pais forem aguentando com as miseráveis reformas a por enquanto vão tendo direito isto ainda se vai segurando. O jornal Público de hoje relata que 40% dos jovens portugueses até aos 34 anos têm um salário inferior a 600 euros por mês. Por outro lado outro diário Correio da Manhã, conta-nos a história de um ex presidente de um banco de nome Jardim Gonçalves, ususfrui de uma mísera pensão mensal de reforma no valor 167,650 euros. Não obstante esta parca mpensão de reforma exige agora ajudas de custo em falta no valor de 750.000 euros.
Até quando é que o povo vai aguentar isto?

Escola no século XXI

Na passada semana tive a oportunidade de estar presente na reunião de avaliação das notas referentes ao segundo período de um dos meus filhos. Por razões óbvias não vou revelar o nome da escola, mas posso gararntir que se trata de uma escola que não fez parte da festa que se revelou a renevoção do parque escolar. Garanto que todas as salas possuem quadros interativos, no entanto as cadeiras, as mesas a dimensão das salas e o aspeto geral da escola deixam muito a desejar, não contribuindo em nada para que um ambiente calmo, sadio e tranquilo se possa fazer sentir na sala de aula. As janelas ainda de ferro permitem que todo o tipo de barulho irrompa pela sala de aulas. As crianças que brincam no recreio permitem que os que se encontram na sala de aula estejam suficientemente desatentos. Tudo isto vem a propósito do fato de na turma (com 27 alunos) de um dos meus filhos existirem três crianças em aulas de recuperação por terem mais de três negativas que incluem matemática e/ou português. O mais recente despacho do ministério da educação que prevê a possibilidade dos psis poderem escolher as escolas dos seus filhos independentemente da area de residência é mais um embuste e um atirar areia para os olhos da opinião pública criando a sensação que podemos colocar os nossos filhos nas escolas que melhor aproveitamento têm e melhores condições apresentam. Esqueceram-se foi de mensionar que essas escolas já se encontram sobrelotadas tornando esta medida um autentico gesto de propaganda do ministério. Como se não bastasse, existe a possibilidade de as escolas poderem formar turmas onde os piores alunos serão colocados todos na mesma turma, o que vai "fomentar" a recuperação desses mesmos alunos. Aumentar o numero de alunos por turma para 2013 serão turmas com 30 alunos cada irá permitir uma redução substancial no numero de professores, uma redução no numero de pessoal auxiliar menos salas ocupadas mais concentração, tudo em nome de menores gastos, menos custos e poupança ridícula onde precisamos sobretudo de investir. No futuro dos nossos filhos. Voltámos ao século XIX
Será esta a escola que pretendemos para os nossos filhos?

Um tiro em Atenas

Era um velho decente, formal e limpo. E havia nele memórias, sofrimento e grandeza. Olhou em volta. Nem a sombra de um remorso nem aquele limite denso e excessivo que a idade costuma expor. Olhou em volta e talvez estivesse a lembrar-se dos vendedores de esponjas de antigamente, que ofereciam o produto na praça da Constituição; ou das tavernas com parreiras, na Plaka, sob as quais comera queijo de cabra e bebera resinato, nos longos dias de calor. E de mulheres com quem dançara, pelas festas perdidas para sempre.
Passara por muitas coisas de infortúnio e por algumas alegrias selvagens e dispersas. Transfigurada de ventos e de silêncios, a cidade fora invadida pelos nazis, envolvendo de medo e atrocidades o chão sagrado dos deuses, dos poetas e dos filósofos.
Atravessara o luto criado pelos coronéis, com a consciência de que a adversidade era fruto da falta de bondade e de compaixão, aparentemente inexplicável. Fora preso por querer ser livre. Conhecera as rudezas do desemprego, e os ténues acenos de uma esperança obstinada. Depois, como se a sociedade precisasse de um mundo de compensações, haviam-lhe reduzido o ordenado, e aumentado tudo o que pertencia aos domínios da sobrevivência estrita. Mais tarde, extorquiram-lhe os subsídios e limitaram-lhe os proventos de uma reforma escassa.
Suportou as gradações da infelicidade, porque aprendera que a infelicidade nunca é lisa, e dispunha sempre de diferentes medidas de circunstância. Chegara, assim, ali: àquele plaino com relvado, de onde se divisava o que desejasse ser divisado. E descobrira, exausto e triste, de que pouquíssimas vezes o tinham deixado ser feliz e livre.
Soltou um grito. Como se quisesse desabafar a dor insuportável que sobre ele tombara, lhe vergara os ombros e lhe ferira o mais secreto da sua fé. As coisas são como são, diziam. Mas ele não queria que as coisas fossem como queriam que elas fossem.
A partir de certa altura, decidira manter uma atitude respeitosa e marginal. Nem mesmo assim obtivera paz e sossego. A verdade é que um homem está sempre ligado ao seu passado. O aparente apaziguamento interior não domesticara a ira, a cólera e a indignação que sentia, sobretudo quando a sua terra deixara de ser a lenda e a história e fora transformada numa litografia imbecil.
Quando gritou, gritou para aqueles que o não ouviam ou não desejavam ouvir. Assaltara-o o medo de ter, num futuro próximo, de esgaravatar nos caixotes de lixo, em busca de comida. E de deixar aos filhos e aos netos o peso de dívidas e a impossibilidade de as pagar. Sentou-se na relva. Ninguém o olhou. Há muito que as pessoas não se cruzavam: trespassavam-se.
Gritou: eles não respeitam nada nem ninguém!
E disparou o revólver na cabeça.
Dimitris Christoulas, 77 anos, reformado, grego. Nosso irmão.
Atrevi-me a partilhar este texto depois de o ter visto no blog de um querido amigo.
O texto é um artigo de opinião publicado em http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2412409&seccao=Baptista Bastos&tag=Opini%E3o - Em Foco&page=-1

Deserto

Ontem em conversa com um amigo que teve oportunidade de tirar um breve período de férias Pascais, dáva-me ele conta da solidão que hoje é deslocarmo-nos numa das muitas autoestradas construídas no sentido de facilitar o acesso ao interior do País. Segundo ele mesmo nas saídas de cidades com alguma dimensão, a falta de carros e pessoas era notória. Sinceramente não me espanta. omo tão bem os políticos portugueses sabem fazer na altura da inauguração dos novos troços de autoestrada com festas a condizer, diziam-nos que se pretendia aproximar o interior do litoral facilitando assim os acessos e justificando assim os milhões investidos nas empresas de construção civil onde não faltam boys deste ou daquele partido. Em boa verdade os acessos estão mais facilitados, mas em contrapartida o custo destes acessos teve um preço demasiado alto. Fecharam-se escolas, fecharam-se centros de saúde, fecharam-se hospitais, maternidades, vendeu-se esse imobiliário a preço de saldo e abriu-se por vezes as portas aos privados para entrarem por estas cidades dentro e darem a poucos que têm possibilidade de pagar, aquilo que os mais pobres não podem. Assim, começaram a nascer portugueses em Espanha, e em ambulâncias do INEM ou dos bombeiros. Facilitou-se o abandono das terras assim como já se tinha feito com as pesacas e o resultado é um País a caminho da desertificação. 
Hoje acenam-nos que é necessário voltar a trabalhar as terras, fomentar a agricultura etc..., mas quem em boa fé que migrar para o interior criar raízes e ficar a uma hora de um hospital? Quem se sujeita a migrar para o interior e ter de levantar o seu filho às sete da manhã para ir a uma escola a 20 km de casa?
Fico espantado com a capacidade que estes partidos que nos governam desde o 25 de Abril continuam a merecer a confiança da maior parte dos portugueses. Estas políticas de mentirinha vão deixando o povo inebriado e confuso e mais pobre a cada dia que passa isso sim eu tenho a certeza. 

Para ti