A Escola dos Patrões

Mais de 4000 empresários iniciam este mês acções de formação, na primeira fase de um programa destinado a Pequenas e Médias e Empresas (PME) e que envolve um financiamento público na ordem dos 19,3 milhões de euros, conforme noticia a Agência Lusa. De acordo com a informação divulgada pelo Ministério do Trabalho, na altura do lançamento do programa, a iniciativa "Formação para Empresários" irá abranger cerca de 5000 formandos e representar um investimento de 12 milhões de euros da parte do Estado. Para aceder ao programa, as empresas devem, entre outros requisitos, encontrar-se constituídas e devidamente registadas, dispor de contabilidade organizada e ter regularizada a sua situação, em matéria de impostos e de contribuições para a segurança social. A formação de competências em gestão subdivide-se em dois níveis, o base e o avançado, sendo este último dirigido a empresários que sejam detentores de, no mínimo, habilitação correspondente ao nível secundário de educação. Nestas primeiras candidaturas, o número de empresários previstos para a formação base é de 3324 pessoas e para a formação avançada um total de 813. Está aqui bem presente o nível académico do tecido empresarial português, composto na sua maioria por patrões e não empresários ou gestores. Trata-se, no mínimo, de uma ironia mórbida, quando vivemos num País onde para recepcionista ou caixa de um simples supermercado são exigidos como requisitos básicos uma licenciatura, para funções na sua grande maioria de cariz meramente operacional e com salários reduzidos, e quem de direito, quem decide e deveria dar um rumo ao seu negócio, possui conhecimentos parcos para que um dia possa dizer que podia ter feito mais e melhor. E poucas vezes consegue. Enquanto for simples mascarar estas situações e criar cortinas de fumo para ocultar a verdade, de que Portugal e as suas PME´s não estão ainda estruturalmente preparadas para a competitividade dos Grandes Mercados, dificilmente surgirão medidas de fundo para que consigamos criar valor junto dos Custer´s e desenvolver áreas de negócio fulcrais para a sobrevivência da nossa Economia.

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