Ao meu amigo Zeca

O meu amigo Zeca é um daqueles amigos que é muito mais do que isto. É um irmão mais velho, é o confidente, é o companheiro e é aquele com quem nós podemos sempre contar. O Zeca é da família, da minha e tenho a certeza que de muitos. Falta esclarecer que o Zeca é padre. Não, não é um padre qualquer, muito menos é o padre da virgararia do Porto. É o meu padre.
Posto isto, passo a explicar a razão deste texto. O meu padre é um daqueles que foi capaz de fazer a diferença por onde passou, conseguiu, tirar da miséria muita gente que vivia na mata da pasteleira em condições deploráveis, foi um dos principais activistas do movimento de libertação por Timor Leste, foi pela mão dele que foi criado o movimento fé e luz um movimento que tem como fim apoiar crianças e adultos com deficiências profundas, foi ele que construiu um centro para apoiar a criança e o jovem em risco tirando assim, muitas crianças do flagelo da droga. Enfim o Zeca fez muito mais do que muitos políticos que conheço com a diferença de que nunca pediu nada em troca. Ele é assim, desprendido das coisas mas não das pessoas. 
O Zeca foi afastado da sua paróquia onde exercia há mais de 40 anos pela mão de um bispo. Lá diz o ditado que à mulher de César não basta sé-lo tem de parecê-lo. É minha profunda convicção que a este Bispo que tão bom nome grangeia entre as elites, mais dia menos dia vai-se perceber que ao contrário do ditado parece mais do que aquilo que quer transmitir ser.
 Bem sei que existe o dever de obediência de um pároco para com o seu bispo, mas também existem normas que devem ser respeitadas, entre elas a que determina que a partir de uma certa idade um padre não pode ser mudado de paróquia. Aquilo que fizeram ao meu Zeca não se faz. Vale-lhe a ele que não está, nunca esteve e nunca estará sózinho, tem-me a mim como a muita gente junto dele. Porque padres como este já não existem muitos.


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