Khadafi, Um comercial além fronteiras

O líder líbio Muammar al-Khadafi desencadeou uma acesa polémica em Itália depois de realizar em Roma dois encontros com meio milhar de italianas para as tentar converter ao islamismo, conforme veicula hoje o Jornal Correio da Manhã. "O que aconteceria se um líder europeu fosse à Líbia ou a outro país islâmico e convidasse as pessoas a converterem-se ao cristianismo?", perguntava ontem o jornal ‘Il Messagero’.
Muammar al-Khadafi - Chefe de Estado da Líbia
A cada uma das participantes, recrutadas por um agência, foram prometidos 70 euros e um exemplar do Corão. Sara Perugini, de 19 anos, afirmou que Khadafi "foi simpático e agradável". Disse também que um par de jovens abandonou a sala considerando aquilo um disparate. Os encontros decorreram no centro cultural da Líbia, em Roma, tendo na sessão de domingo sido formalizada a adesão ao islamismo de três jovens convertidas por Khadafi num encontro idêntico realizado em 2009.
"Entre nós as mulheres são mais respeitadas que no Ocidente", defendeu Khadafi, adiantando ainda que o Islão "deve tornar-se a religião de toda a Europa".
A Imprensa acusou o primeiro-ministro Berlusconi de sacrificar os princípios e a dignidade do País em nome dos negócios. "O interesse nacional não justifica que alguém aceite ser anfitrião de tais palhaçadas e actos grotescos", lê-se no editorial do ‘La Stampa’. Gianfranco Fini, ex-aliado de Berlusconi, afirmou, por seu lado, que "a Itália é a Disneylândia de Khadafi". Ora, segundo as leis da lógica económica, o mercado rege-se pelo equilíbrio entre a oferta e a procura. O instinto comercial do líder islâmico falou mais alto e a sua operacionalidade, já provada em outros campos de batalha, não se conteve. Gostaria de saber qual o prémio de conversões, se este mês Khadafi atingir o objectivo... Como vai o Mundo, nos dias de hoje... até a religião se vende...

4 comentários:

  1. Não sei quanto à Itália ou não mas Portugal é um estado laico. Se um lider (político ou religioso) quisesse vir cá promover o que quisesse podia vir. Mas não concordo que fosse recebido com honras de estado, se é um comercial é um comercial como os outros.
    Depois há a questão de se condenar ou não que um líder político promova uma religião: por mim nenhum político divulgaria a sua ideologia religiosa e nenhum religioso divulgaria a sua ideologia política para que nenhum destes poderes influenciasse o outro mas neste caso o político é um político de outro país e se eles aceitam isso é lá com eles. Nós temos que o receber como comercial ou lider religioso.

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  2. Os Poderes não devem cruzar as suas forças, por muito que a liderança política implique também uma liderança religiosa. Não está aqui em causa a boa ou má recepção a uma pessoa ou entidade externa, represente ela a instituição que for. Está sim em causa o uso abusivo de protocolo político e a capacidade de influência numa matéria bastante conservadora e reservada, que responde a um passado forte e rico em conquistas e disputas religiosas. Nós teremos que receber quem de direito, num processo transparente e claro, seja qual for a missão do mandatário. Não é de todo este o caso, e de facto, não me parece de todo correcto, uma vez que vivemos em regime político/económico/social comum, não criticar, apontar e referir uma prática moralmente condenável, num País membro da UE. A isto chamo de União. Quanto a mim, nenhum pacto político entre duas nações poderá abrir espaço para práticas deste género, até porque a minha liberdade religiosa e de expressão vale muito mais do que os meros 70 euros praticados nesta ou em qualquer outra conversão, seja de que género for. Assim, condenarei no "meu" Tribunal Pessoal qualquer atentado ao que moralmente outrora fora os bons costumes. Mudam-se os tempos, espero que nunca se mudem as boas vontades...

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  3. Khadafi é tão bem recebido (ou tolerado, como se queira) na Europa por várias razões, as principais tendo sido o abandono do seu programa nuclear mal os EUA lhe pediram, em 2º aceitou a autoria de um atentado que não foi levado a cabo pela Líbia só para agradar ao Reino Unido, em 3º (mas também se calhar dos mais importantes) Khadafi trava a esmagadora maioria da imigração africana nas suas fronteiras, movendo não só a polícia mas também o exército para travar milhões de imigrantes negros que tentam todos os dias chegar à Europa.

    Isto tem um custo, todos os anos vêm à Europa cobrar esse dízimo. E os Estados europeus pagam sempre, por mais democratas que sejam nenhum quer um aumento na ordem dos milhões de imigrantes africanos caso Khadafi se canse de agir como tampão e os comece a deixar passar em barda.

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  4. "Desde que os controles de fronteira espanhóis e marroquinos tornaram quase impossível uma travessia ilegal do Estreito de Gibraltar, imigrantes tentam, desesperadamente, chegar às Ilhas Canárias através do Atlântico ou à Itália através da Líbia. Anualmente, centenas de refugiados morrem em alto-mar.
    Com o aumento da dificuldade de chegar à Europa, os antigos países de passagem se tornam países de permanência. A Líbia tem 5,5 milhões de habitantes e 1,5 milhão de refugiados.
    Segundo um relatório da organização de direitos humanos Human Rights Watch, tortura e delitos sexuais são praxe nas prisões e campos de refugiados libaneses. Como não há lei de asilo no país, os refugiados são deportados à força – não importa o que os espera em seu país de origem.
    Além dos esforços para um tratamento mais humano dos migrantes, a conferência tratou também da observação das rotas de migração e da segurança das fronteiras. O comissário de Justiça da UE, Franco Frattini, declarou que a União Européia estaria disposta a ajudar a Líbia a controlar melhor sua fronteira sul com o Níger.
    O programa de desenvolvimento da UE para a África engloba 17 bilhões de euros, que devem ser usados para eliminar causas da emigração em massa no continente – alta taxa de desemprego, baixos salários, guerras e catástrofes naturais.
    Segundo Frattini, a União Européia quer evitar que os refugiados percam suas vidas ou sejam explorados por grupos de atravessadores.
    Neste contexto, a Líbia exerce, com seus 1,8 mil quilômetros de costa, um papel fundamental, pois é de lá que muitos refugiados tentam chegar à Europa através do Mediterrâneo.
    O país, entretanto, mostrou-se até agora pouco cooperativo, não permitindo que Estados europeus patrulhassem em suas águas territoriais. Em vez disso, Trípoli exige da União Européia 10 bilhões de dólares para projetos de desenvolvimento" - in http://www.dw-world.de/dw/article/0,,2246808,00.html

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